Vítima de ofensas racistas no jogo contra o Real Garcilaso, no último
dia 12 de fevereiro, pela Libertadores, o volante Tinga, que recebeu o
apoio na luta contra o preconceito, resolveu assumir o papel de
embaixador da causa e, em parceria com a CUFA (Central Única das
Favelas), do Rio Grande do Sul, lançará, em março, a campanha 'Chutando o
Preconceito'.
O primeiro evento ocorrerá no dia 24 de março, em Porto Alegre, e
contará com a presença do jogador como principal referência. O volante é
um dos parceiros da CUFA há mais de dois anos e apadrinha o Torneio
Bola Comunitária, que conta com a participação de crianças de
comunidades carentes do estado natal do jogador.
A ideia surgiu depois dos lamentáveis episódios envolvendo torcedores
peruanos, que imitavam sons e gestos de macaco a cada vez que o volante
pegava na bola. Depois de toda a repercussão do episódio e o apoio de
vários brasileiros nas redes sociais, inclusive de personalidades do
esporte e da política, como a presidente Dilma Rousseff e ex-jogadores
como Ronaldo e Roberto Carlos, o meio-campista virou um símbolo da luta
contra o racismo.
Em uma conversa com Manoel Soares, jornalista da RBS e coordenador
estadual da CUFA, os dois decidiram realizar o projeto utilizando o
esporte e a figura de Tinga para combater o racismo. Segundo Paulo
Daniel Santos, um dos coordenadores de pequenos projetos da entidade, a
ideia é fazer eventos por todo o estado e, com o tempo, expandir pelo
País.
'O Tinga sempre foi um parceiro da CUFA e amigo pessoal do Manoel
Soares. Quando houve aquele ato de racismo a gente se mobilizou. A ideia
é de criar um projeto para lidar com a questão do combate ao
preconceito. Estamos criando esse movimento com o objetivo de diminuir o
preconceito', disse.
'O primeiros será aqui no Rio Grande do Sul, mas a nossa ideia é criar
espaços de debate para rodar todo o Brasil com essa ideia. Queremos
aproveitar do esporte para disseminar esse pensamento e, ao menos neste
primeiro evento, teremos a presença do Tinga como principal figura. O
atleta tem algumas obrigações com o clube e tentaremos conciliar as
agendas para os próximos', acrescentou.
A campanha já ganhou apoio dos companheiros de Tinga. Pelas redes
sociais, os jogadores do Cruzeiro já aproveitaram para divulgar a
campanha. O meia Marlone, o volante Lucas Silva e o lateral Mayke já
postaram o cartaz do movimento em suas respectivas contas no Instagram. O
zagueiro Paulão, do Internacional, que até pouco tempo estava no clube
celeste com Tinga, também aderiu à causa e ajudou a divulgar na
internet.
O caso de racismo envolvendo a torcida do Real Garcilaso ainda está
sendo estudado pela Conmebol, que prometeu se posicionar ainda nesta
semana e proferir uma decisão do julgamento. O clube acusado enviou
documentos à Confederação Sul-Americana de futebol na última
segunda-feira e aguarda pela sentença. Em sua defesa, alegou que nem
mesmo o juiz e o delegado da partida citaram o fato e de que não há
controle sobre a torcida por ter jogado em Huancayo. O clube peruano
pode ser punido com multa de US$ 3 mil até a exclusão do torneio.
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